terça-feira, 18 de dezembro de 2007

As quatro novas estações


Certamente você viveu muitas situações no decorrer destes doze meses. No particular de cada fato, foram momentos onde se confrontaram vitórias e derrotas; conquistas e perdas, um pacote de acontecimentos que junto deles misturaram-se alegrias que precisavam ser degustadas e desconfortáveis dúvidas que precisavam ser digeridas.

Nem tudo sucedeu como você queria (e se fosse que desastre seria), mas tantos outros fatos não poderiam ser tão bem preparados, tão cuidadosamente concebidos e permitidos pelo Pai. Parece mesmo que em cada detalhe as aparentes coincidências por mais descoordenadas que fossem ainda tinham uma seqüência lógica incrivelmente didática a nós. Nestas lições sucederam-se situações que inevitavelmente deixam marcas profundas na história de quem intensamente as viveu, de quem perdeu e de quem continua aprendendo a ganhar.

A fim de compensar tais perdas, em um outro ano que toma partida, não é incomum ansiarmos por uma nova chance. Talvez seja tempo de enfim termos mais humildade ao reconhecer o quanto precisamos aperfeiçoar-nos sem a pretensão de sermos perfeitos, abandonar o velho jargão que insistimos dizer: “Só me arrependo do que não fiz!”, analisar que esta postura diante da vida não soa cristão o suficiente a ponto de motivar-nos a novas atitudes e de merecer as novas oportunidades.

A vida nos propõe sempre muitas mudanças, ela sabe que afinal a estática nos é enfadonha. Essas mutações são sempre bem-vindas desde que se honre a origem da palavra, mudar com ação, assumindo que agora só o presente nos interessa. É neste confronto passado/presente que temos a real possibilidade de colocar em prática tudo aquilo que não pudemos concretizar em outrora. As situações quase nunca são as mesmas, mas a lição aprendida nos remete a focar o olhar diante da possibilidade do êxito.

Jesus apresenta-se a Tomé. Ao pedir para tocar suas chagas havia uma conotação que vai muito além da incredulidade do discípulo. Quantas vezes nós mesmos, semelhantes ao apóstolo, ainda que caminhando com Cristo, servindo-o, doando-nos, compartilhando preces e presenciando seus milagres – que não foram poucos – nos faltou a ousadia de tocá-lo sem a presença física, nos momentos em que tanto precisamos. O cristão tem mesmo a memória curta e o coração ainda mais esquecido. É preciso deixar neste ano que se finda a cegueira que nos abstém de enxergar além das aparências, entender que tudo se renova a cada tempo e que tantas vezes as ausências podem significar que algo ressuscita. Desta vez seja um apóstolo mais fiel, creia sem tocar, olhe para o novo e respire o ar destas quatro estações por vir, elas te esperam certamente repletas de novas oportunidades.

Paz, saúde e fé no bolso.
Matheus Jardelino Dias