segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Evangelizando adormecidos




Você que há muito tempo faz seu trabalho de evangelização, já deve ter notado algo bem peculiar na caminhada: se levar as pessoas para Deus já não é tarefa fácil, trazer de volta as pessoas que um dia já se encontraram com Ele, mas hoje se desviam de Sua vontade, parece ser tarefa ainda mais árdua.

Afinal de contas, o que levam as pessoas que já foram tão íntimas do Senhor a se desviarem da presença de Deus? Certamente poderíamos ter muitas respostas, mas tudo leva a crer que o ponto chave desta resposta está no dom da liberdade que cada um recebeu.

“Enquanto não se tiver fixado definitivamente em seu bem último, que é Deus, a liberdade comporta a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, portanto, de crescer em perfeição ou de definhar e pecar. Ela caracteriza os atos propriamente humanos. Torna-se fonte de louvor ou repreensão, de mérito ou demérito. “ CIC 1732

Liberdade é uma arma duplamente poderosa. Pode ser fonte de salvação ou de perdição. Sendo a liberdade tão belo dom de Deus, então por que escolhemos caminhos longe da vontade do Pai?

O homem naturalmente tem tendência a deixar que a sua liberdade seja totalmente voltada ao desejo de ser feliz através da sua realização pelo prazer imediato e individual, como única e possível forma obter êxito pessoal, evitando tudo o que possa ser desagradável a si mesmo. É nesta cultura hedônica dos dias atuais que se encontra a raiz de tantas pessoas que não conseguem abrir mão de suas escolhas para abraçar a vontade de Deus.

Junto com a capacidade de escolher, recolhemos juntamente as conseqüências dessas escolhas, e a mais clara realidade é que escolhas desacertadas faz nos afastarmos da presença do Pai. Adão e Eva foram os primeiros a experimentar as conseqüências destes desacertos. “O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.” (Gn 3, 8). É o que acontece conosco quando sabemos que não estamos agradando a Deus, e por isso há tantos cristãos adormecidos hoje, que já estiveram na presença e intimidade com Deus, mas se escondem nas árvores da vida, não tem mais forças para abandonar seus prazeres e escolher os sonhos de Deus.

Como diz a célebre frase da Santa Paula Frassinette: “Vontade de Deus, és meu paraíso”. O paraíso de Adão e Eva era a própria vontade de Deus, fundada na capacidade de escolherem pelo paraíso ou dos prazeres que estavam disponíveis no próprio jardim. Junto à capacidade de escolher, temos a capacidade de amar a Deus, de forma livre e consciente, temos inclusive o incansável desejo de que isto se dê de fato em nossas vidas, levando-nos a uma busca persistente em meio a nossa liberdade e capacidade de pensar e escolher. Isso nos ensina que a nossa escolha não se refere apenas ao ato de crer e não crer, mas que nos envia ao mais intenso diálogo com a nossa realidade, com a própria existência, tomando a cada dia, a cada hora, decisões que nos levam a transformar nossa liberdade naquilo que Deus sonha para cada um de nós.

“Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo.” CIC 1033

Portanto, não há outro caminho que Deus possa oferecer aos seus filhos a não ser o caminho do amor reconciliador, a partir de quanto sentimos o amor de Deus e também naturalmente desejamos corresponder a este amor. E é neste mesmo caminho que Deus convida a todos, outrora íntimos ou não, Adão ou Eva dos dias de hoje, a sermos filhos desta misericórdia de Deus. Ele deseja incansavelmente se reconciliar com todos, e nossa missão não poderia ser outra, a senão resgatar do meio das árvores da sociedade seus filhos adormecidos no antigo jardim e apresentá-los a este novo paraíso que é a vontade de Deus para suas vidas.

Mãos à obra neste resgate,

Paz.

Matheus