segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O direito de errar




Essa semana alguém me perguntou: “E agora, qual o próximo passo?”. A resposta me veio à boca, mas não a proferi, percebi naquele vago momento que quase sempre me sinto obrigado a responder tudo, a saber de tudo, quando na verdade muitas vezes faço pela oculta obrigação de ser sempre acertar.

Crescemos nessa sociedade que exige demais de nós, talvez seja por isso que às vezes nos sentimos tão esgotados. Nesse mundo que não há espaço para o defeituoso, para o pobre, para o feio e para o inculto, percebemos que a competição mundana deixa em nós a ilusão da falsa plenitude. Nesse momento não percebemos que sentir-se e fazer-se completo vai muito além do conceito que nos ensinam.

Se nos perguntassem: “Quais são os mais difíceis de evangelizar?” Certamente que em sua mente viria a lembrança de uma porção de pessoas que são bem sucedidas em algum aspecto de suas vidas, em sua maioria, os que possuem conhecimentos, posses e poder. Enfim, essas pessoas, por aparentemente terem alcançado êxito na vida, acabam criando em si mesmas um mecanismo de defesa contra falhas, a auto-suficiência. Esse sentimento que nos visita o coração com freqüência, gera a incapacidade de nos reconhecermos falíveis, não deixa-nos entender que a incompletude faz parte da natureza humana e é a partir de nossas imperfeições que Deus nos reconhece como verdadeiros filhos amados, dependentes do Pai.

O direito de errar parece ter sido substituído pelo direito de justificar-se. Ao errarmos, freqüentemente colocamos a culpa em algo, em outras pessoas ou na própria situação, dificilmente aceitamos a pior realidade, a de que somos limitados. Deus sabe de nossa condição humana, nos acolhe e inumerosas vezes perdoa. "Ninguém te condenou? Nem mesmo eu te condeno. Vai e não tornes a pecar" (Jo 8, 11).Seria muito confortável se pensássemos que o direito de errar abstém de nós as responsabilidades. Todo ato gera conseqüências, agir sabiamente é acreditar que mesmos sujeitos ao fracasso a vitória nos espera, “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo, 16, 33). Precisamos reconhecer que mesmo com todas as nossas limitações Ele nos ama, nos fez fortes e quer que nosso próximo passo seja o de nos levantarmos para a próxima queda que já nos espera.

Matheus Jardelino

Nenhum comentário:

Postar um comentário